Nos últimos anos, as plataformas governamentais têm desempenhado um papel importante na redução do fosso entre os cidadãos e a gestão pública, oferecendo oportunidades de contribuição para temas de interesse público. A Inteligência Artificial Generativa (IA), pelas suas características de geração de textos, imagens, conteúdos de áudio e vídeo baseados em inteligência artificial e massas de dados de treinamento, trouxe novas potencialidades para a participação social, com aplicações ainda não exploradas que permitirão os cidadãos sejam significativamente empoderados na sua relação com a gestão pública. No entanto, a participação social, que já enfrentava vários obstáculos, como a falta de conhecimento sobre políticas, programas e leis e procedimentos, com a IA Generativa enfrentará agora outros desafios. Alguns deles são: os riscos de preconceito de dados, manipulação e fraude, falta de transparência e salvaguarda dos direitos humanos. O principal objetivo desta pesquisa é explorar as vantagens e riscos associados ao uso de IA generativa na gestão pública. Serão avaliados i) como tais inovações podem ser aplicadas na construção de propostas em consultas públicas; ii) a viabilidade de aplicação de IA generativa em bases de conhecimento de políticas públicas; e iv) os riscos da utilização desta tecnologia, visando a necessidade de estabelecer um quadro de padrões e políticas de utilização no âmbito da participação social.

O plano de pesquisa tem por objetivo solicitar Bolsa de Pesquisa no Exterior (BPE)- FAPESP, para realizar licença sabática, no período de agosto/2024 a fevereiro/2025, na EHESS, no CRBC, Mondes Américains. Há cerca de três décadas venho trabalhando com o pensamento socioeducacional brasileiro e, desde 2020, conto com apoio de Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq para o desenvolvimento de investigação sobre Florestan Fernandes (1920- 1995), visando dialogar com a fortuna crítica sobre o autor, estudar seu trabalho e suas obras e mapear as posições por ele ocupadas nos campos da Sociologia e da Educação, na condição de acadêmico, intelectual, articulista e parlamentar. No momento, trabalho com os 150 arquivos sonoros que compreendem a totalidade das participações de Florestan como deputado federal nos mandatos de 1987-1991; 1991-1995, objetivando analisá-los a partir do contexto político-parlamentar da época e identificar o conjunto de posições e oposições entre grupos em luta pela hegemonia na condução do Estado através das políticas públicas sócio-educacionais. Os resultados esperados visam estender as redes de colaboração acadêmicas, submeter os achados à apreciação de outros centros de pesquisa, instituições acadêmicas e pesquisadores, ampliar os debates sobre os limites e as possibilidades da Sociologia e da Educação intervirem construtivamente na ordem democrática, expor aspectos da realidade brasileira que podem apontar similitudes ou singularidades com outros contextos nacionais e buscar parceiros internacionais de produção.

O projeto propõe uma investigação dos significados do futuro para os jovens de Portugal e Brasil. Trata-se de tentar compreender comparativamente os impactos da crise global atual em como os jovens concebem o seu futuro, mas também de discutir como as políticas voltadas à juventude articulam uma certa noção de futuro para eles, mesmo que em total desacordo com suas questões. A pesquisa será realizada nas cidades do Porto e Lisboa, em Portugal, e pretende estabelecer comparações com pesquisas já realizadas na cidade de São Paulo, no Brasil. O percurso da investigação partirá de um levantamento de políticas públicas e dos dispositivos de produção de discursividades em Portugal, que permitam uma comparação com o Brasil. Em seguida serão realizados estes procedimentos: mapeamento dos espaços públicos ocupados por jovens no Porto e em Lisboa; identificação de formas de atuação política e de produções de culturas juvenis que tenham obtido certa visibilidade em Portugal nos últimos anos; entrevista com jovens selecionados a partir da pesquisa nos espaços públicos, indagando-os sobre suas perspectivas de vida em um mundo que vive uma profunda crise. Por fim, será estabelecida uma análise comparativa com os dados já levantados em São Paulo. A pesquisa adotará um enfoque etnográfico e terá como objetivo principal compreender como os jovens atribuem uma série de significados para o seu futuro, atentando também para como as questões da juventude são levadas à arena pública, pelas próprias culturas juvenis e pelas políticas voltadas à juventude. Este projeto justifica-se por tratar de uma questão fundamental para a discussão sobre juventude na atualidade, as perspectivas de futuro, conforme apontam autores, ao abordar o contexto de diferentes países, como Pais (2012), Ferreira (2019), Leccardi (2005), Reguillo (2003), Pappámikail (2022), Woodman (2011), entre outros. Conforme a literatura acadêmica sobre juventude e futuro, a crise global contemporânea, marcada pelas políticas neoliberais, ao mesmo tempo em que exigem dos jovens certo planejamento linear, também traria uma série de incertezas e instabilidades que dificultariam, justamente, a ideia de um futuro estável e seguro. Esta pesquisa contribuirá, portanto, com a discussão sobre a relação entre juventude e futuro, a partir de um enfoque que privilegia, ao mesmo tempo, um olhar para as representações que são construídas sobre os jovens e para como os próprios jovens pensam e constituem os seus projetos de vida. A partir da observação participante, pode-se, assim, apreender os futuros que os jovens imaginam para si, a despeito das crises e incertezas, muitas vezes em total desacordo com o que as políticas públicas imaginam para eles, escapando, assim, por um lado, de abordagens redutoras sobre como os jovens conduzem seu futuro, como destacado por Woodman (2011), e, por outro lado, oferecendo subsídios para políticas públicas mais alinhadas com as reais expectativas dos jovens. Os resultados da pesquisa apontarão para três grandes debates: a noção de futuro como categoria cultural de análise, a arena pública e a crise global do capitalismo no mundo atual em seus desdobramentos na vida dos jovens.

O presente projeto de estágio no exterior busca desenvolver um estudo teórico sobre as dimensões do conceito de acesso à justiça e sua relação com o campo das desigualdades sociais, a partir do desenho e da atuação institucional da Defensoria Pública de São Paulo em políticas públicas. Os objetivos específicos consistem em: a) mapear no debate acadêmico contemporâneo os principais fatores levantados como condicionantes e/ou limitadores do acesso à justiça de indivíduos e grupos sociais; b) identificar a forma como o campo teórico do acesso à justiça tem incorporado diferentes marcadores sociais de desigualdades (como classe, raça/etnia, gênero, sexualidade, idade, origem territorial, deficiência) em suas formulações; c) aprofundar a análise dos resultados empíricos da pesquisa sobre o desenho e a atuação institucional dos núcleos especializados da Defensoria Pública de São Paulo em políticas públicas, na perspectiva teórica do acesso à justiça e desigualdades; d) caracterizar possíveis efeitos da atuação dos núcleos especializados em políticas públicas nas políticas institucionais de acesso à justiça conduzidas pela Defensoria Pública; e) oferecer recomendações para o aprimoramento das políticas públicas de acesso à justiça no Brasil, à luz das análises realizadas nas etapas anteriores. Do ponto de vista metodológico, a proposta caracteriza-se como um estudo teórico, baseado no levantamento, organização e sistematização de referências do campo contemporâneo em torno do acesso à justiça e desigualdades, além do aprofundamento da análise do resultados empíricos obtidos na pesquisa no Brasil, à luz deste debate.

O objetivo deste projeto de pesquisa a ser desenvolvido na Universitat Autònoma de Barcelona é aprofundar os aspectos teóricos e metodológicos da pesquisa de doutorado em andamento, que visa analisar as relações entre duas dimensões que envolvem o estudo da participação das Organizações da Sociedade Civil (OSC) na política de assistência social: as narrativas sobre a participação das OSCs na política de assistência social e os arranjos institucionais que organizam a atuação desses atores nessa política. Em termos metodológicos, na pesquisa de doutorado, nos propusemos a abordar esse problema a partir de um estudo de caso no formato "one policy, three cities", analisando três diferentes perfis de municípios: (I) com forte presença de organizações em espaços de decisão e na execução de serviços (São Paulo); (II) com presença "moderada" de organizações (Belo Horizonte); (III) com pouca presença de organizações de assistência social (Fortaleza). Em termos analíticos, serão produzidas articulações entre os campos da Psicologia Social, principalmente aquele que estuda produção de sentidos e construções narrativas (para analisar a agência e os discursos dos atores estatais); e das Políticas Públicas, especificamente a literatura neoinstitucionalista histórica (para compreender os aspectos institucionais que envolvem o processo de formulação e implementação de políticas). Durante o estágio de doutorado, pretendemos aprimorar estes dois aspectos importantes da pesquisa:(a) aprofundar as aproximações teóricas entre as literaturas de ambos os campos, e (b) aperfeiçoar o desenho metodológico da pesquisa, principalmente o aspecto comparativo deste estudo de caso. (AU)